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5 razões pelas quais a maioria dos suplementos são um desperdício de tempo e dinheiro

Segundo um inquérito da Deco Proteste realizado em Maio de 2021, cerca de quatro em cada dez portugueses consumiram suplementos nos 12 meses anteriores, o que significa que 41% dos portugueses tomaram suplementos alimentares neste período.

Se nos focarmos nos EUA (o maior mercado do mundo de suplementos alimentares), a maioria dos adultos relata tomar um suplemento alimentar regularmente ou todos os dias. Este padrão de uso massificado tem vindo a aumentar, e os americanos gastam mais de 30.000 milhões de euros por ano em suplementos alimentares.

Mas só porque muita gente gasta quantias exageradas de dinheiro em produtos cada vez mais duvidosos isso não significa que também precise de o fazer!

Aqui estão cinco razões pelas quais a maioria dos suplementos dietéticos são um desperdício de tempo e dinheiro.

1.) Não precisa de suplementos

Já teve um amigo que come fast food, mas equilibra adicionando um refrigerante diet? Assim como o refrigerante diet não desfaz as más escolhas alimentares, os suplementos alimentares não substituem os padrões saudáveis de refeições e lanches. Como o próprio nome indica, os suplementos destinam-se a complementar, e não substituir, escolhas alimentares saudáveis e equilibradas.

Claro que é mais fácil tomar um comprimido do que cozinhar um prato equilibrado de alimentos ricos em proteínas magras, produtos frescos e cereais integrais. No entanto, a grande maioria dos adultos saudáveis pode (e deve) obter todos os nutrientes de que precisa apenas com os alimentos.
Certamente há circunstâncias em que um suplemento dietético é indicado, mas geralmente têm a ver com o tratamento de uma deficiência de nutrientes devidamente diagnosticada. Aqui estão algumas situações em que um suplemento pode ser útil:

  • Suplementos de ferro se diagnosticado com deficiência de ferro
  • Vitaminas pré-natais com ácido fólico antes e durante a gravidez
  • Vitamina B12 para veganos e idosos com baixos níveis de B12
  • Cálcio e vitamina D para pessoas que têm osteoporose ou que estão em risco de a vir a desenvolver
  • Flúor para bebés que vivem em áreas onde o abastecimento de água municipal não é fluoretado
  • Vitamina K em dose única profilática para recém-nascidos para prevenir sangramento
  • Ácidos gordos de Ómega-3 para pessoas com risco de doença cardíaca que não consomem peixe

2.) Alguns suplementos podem causar toxicidade

Num ambiente onde “mais” é frequentemente percebido como “melhor”, os consumidores tendem a pensar que se um suplemento fornece 100% das suas necessidades, então algo que fornece 1000% deve ser 10 vezes melhor. A verdade é que não funciona assim com os suplementos.

Não há dados que apoiem a megadosagem de suplementos para resultados de saúde. (A megadosagem é geralmente considerada a prática de consumir 10 vezes ou mais a quantidade recomendada de um suplemento vitamínico ou mineral). Mesmo vitaminas solúveis em água (que são excretadas pela urina se consumir muito) ainda pode ter efeitos negativos no seu organismo. Por exemplo, o nutriente solúvel em água da vitamina C pode causar diarreia e outros desconfortos gastrointestinais se consumidos em níveis elevados.

Se tomar suplementos vitamínicos e/ou minerais, é aconselhável ficar abaixo dos níveis toleráveis de ingestão superior do nutriente em causa. Esses níveis superiores informam sobre a ingestão diária máxima recomendada e são baseados na investigação disponível.

Os suplementos também podem prejudicar as pessoas que têm certas condições de saúde subjacentes ou que tomam medicamentos prescritos para essas condições. Por exemplo, alguém que toma o anticoagulante Varfine, usado na prevenção de tromboses, pode sofrer sérios danos se ingerir altos níveis de vitamina K, que promove a coagulação do sangue.

A eficácia de medicamentos aparentemente comuns pode ser alterada se tomada em conjunto com certos suplementos. Por exemplo, a contraceção oral para controlo de natalidade pode ser inativada se tomada com o suplemento Erva de João (suplemento muito utilizado no alívio de sintomas leves de ansiedade e tensão muscular). A erva de São João também pode interferir com outros medicamentos, incluindo antidepressivos, fazendo com que estes não funcionem conforme o esperado.

Mulheres grávidas e lactantes devem ser especialmente cautelosas com suplementos, incluindo suplementos de ervas. Embora tomar uma vitamina pré-natal com ferro e ácido fólico seja sempre uma boa ideia durante a gravidez, a capacidade de outros agentes em suplementos de atravessar a placenta ou ser transmitida pelo leite materno pode representar uma ameaça para o feto ou bebé. A maioria dos suplementos não foi testada em populações como mulheres grávidas e lactantes ou em bebés e crianças pequenas, pelo que os indivíduos desses grupos devem evitar tomá-los.

3.) Os suplementos não previnem doenças

Embora os suplementos sejam frequentemente confundidos com medicamentos (até porque muitas vezes são adquiridos nos mesmos locais), os suplementos não são medicamentos. De acordo com a Food and Drug Administration (FDA) – a agência encarregada de supervisionar a indústria de suplementos nos EUA – os suplementos “não são destinados a tratar, diagnosticar, mitigar, prevenir ou curar doenças”.

Se ler as letras pequenas na sua embalagem de suplemento, deverá encontrar essa declaração exata. Mas os fabricantes de suplementos têm grande liberdade na comercialização desses produtos, muitas vezes alegando a relação entre os seus produtos e um resultado de desempenho específico ou benefício para a saúde.

Embora existam certos benefícios de saúde que alguns suplementos podem efetivamente alegar, essas alegações são reduzidas, aplicando-se apenas a uma pequena fração dos suplementos que são realmente vendidos todos os anos.

Torne-se um consumidor informado e consulte a legislação nacional e europeia sobre suplementos alimentares que em Portugal é da responsabilidade da Direção Geral de Alimentação e Veterinária.

4.) Ingredientes e princípios ativos são frequentemente desconhecidos

Se é um utilizador regular de suplementos, procure refletir nos suplementos que toma. Pergunte a si mesmo: “Por que estou a tomar este suplemento? Existem dados baseados em evidências para apoiar o uso deste suplemento? Existe um corpo estabelecido de literatura publicada revista por pares que comprove que este suplemento funciona? ” E, por último, “Será que eu sei se o que diz que está no frasco está realmente no frasco do suplemento?”

Esta última pergunta leva-nos ao próximo ponto sobre por que a maioria dos suplementos é um desperdício de tempo e dinheiro: os fabricantes de suplementos não precisam divulgar as quantidades de ingredientes, ou às vezes até os ingredientes exatos dos seus produtos. Uma prática bem conhecida da indústria de suplementos é esconder-se atrás do termo “mistura proprietária”. Citando a proteção de ingredientes e fórmulas secretas, os fabricantes não são obrigados a divulgar quanto, ou mesmo o que está nas garrafas que vendem.

Para reconhecer os benefícios reais para a saúde, alguns produtos suplementares chegam a incluir medicamentos prescritos nos seus ingredientes. Extrato de arroz de levedura vermelha, que pretende controlar o colesterol, na verdade contém estatinas. As estatinas são medicamentos prescritos que não devem ser incluídos ou vendidos em suplementos de venda livre. Este suplemento ajuda a reduzir o colesterol, mas apenas porque inclui um medicamento de prescrição que foi desenvolvido para reduzir o colesterol.

No outro extremo do espectro, alguns ingredientes à base de plantas não contêm nenhum ingrediente ativo.

No manual “Nutrição no Desporto”, a DGS alerta para o facto de os suplementos alimentares não passarem “pelos criteriosos controlos pelos quais passam os medicamentos” e que existem mesmo “relatos em que o conteúdo do suplemento não corresponde ao descrito no rótulo”.

5.) Natural não significa nada

No mundo dos suplementos, não existe uma definição legalmente defensável para o termo “natural”. Na verdade, quando se trata da indústria de produtos naturais, a palavra “natural” na maioria das vezes não significa nada. A perceção de um produto de suplemento natural é que ele não é fabricado artificialmente. Isso é altamente irónico, uma vez que a grande maioria dos suplementos alimentares é criada sinteticamente em ambiente de laboratório e provavelmente não contém ingredientes naturais, à base de plantas ou não sintéticos.

Quando se trata de suplementos desportivos, a maioria é tão desnecessária quanto os produtos à base de plantas. Embora existam alguns dados para apoiar o uso de creatina em desportos que exigem picos de velocidade, ingerir um shake de proteína após o treino não constrói músculos por si só. A proteína dietética desempenha um papel na recuperação muscular, mas é o movimento repetitivo e o stress que o exercício provoca nesses músculos ao longo do tempo que constrói massa muscular, e não a sua bebida proteica.

Em resumo:

É fácil ficar assoberbado com a vasta gama de suplementos dietéticos e desportivos disponíveis no mercado. Mas só porque não ouviu falar de um suplemento “inovador” específico, ou só porque tem um nome impronunciável, isso não significa que precisa de ir a correr comprá-lo. O desempenho atlético excecional e a saúde ideal vêm do exercício físico devidamente prescrito, regular e consistente e de um corpo bem nutrido com uma alimentação saudável e equilibrada, e não por loções, poções ou comprimidos caros e inúteis.

Situações em que o consumo pode ser recomendado:

  • Atletas de alta competição;
  • Atletas com uma alimentação insuficiente para o alcance das suas necessidades nutricionais e objetivos de treino;
  • Pessoas com desequilíbrios nutricionais, que beneficiem de suplementação.

 

O uso abusivo de suplementação pode pôr em risco o metabolismo ósseo, renal e hepático, pelo que os suplementos nunca devem ser tomados de forma leviana, apesar de serem de fácil acesso.

Nunca deixe de consultar o seu médico, ou um nutricionista devidamente qualificado, e lembre-se que o suplemento adequado para o seu colega, amigo ou familiar pode não ser o mais indicado para si.

Procure um aconselhamento especializado e tire o maior partido dos benefícios que a suplementação lhe poderá proporcionar.

Se quiser saber mais sobre como fazer escolhas mais saudáveis na sua alimentação diária, ou simplesmente gostaria de esclarecer as suas dúvidas sobre alimentação e suplementação,  lembramos que o serviço de nutrição está incluído em qualquer modalidade de adesão aos nossos clubes. Para mais informações clique aqui ou contacte-nos através do nº 258 847 555 (Viana do Castelo) ou nº 258 938 554 (Ponte de Lima).

Referências:

5 Reasons Why Most Supplements are a Waste of Time and Money

Nutrição no Desporto – Direção Geral de Saúde

Suplementos Alimentares – Direção Geral de Alimentação e Veterinária

Suplementos Desportivos – Vantagens e Desvantagens

Portugueses consumiram mais suplementos alimentares durante a pandemia

Créditos da foto: <a href=’https://www.freepik.com/photos/take-medicine’>Take medicine photo created by jcomp – www.freepik.com</a>