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Exercício físico aumenta a imunidade e a eficácia das vacinas

A atividade física regular fortalece o sistema imunitário humano, reduz em mais de um terço o risco de adoecer e morrer de doenças infeciosas e aumenta significativamente a eficácia das campanhas de vacinação. É o que aponta um estudo publicado em abril na revista Sports Med, reunindo investigadores de universidades inglesas, escocesas, belgas e espanholas.

As conclusões do estudo

  • Praticar 30 minutos de atividade física cinco dias por semana reduz em 31% o risco de adquirir infeções fora do ambiente hospitalar;
  • Há também a redução de 37% do risco de adoecer e morrer de doenças infeciosas;
  • A atividade física regular fortalece o sistema imunitário humano. Em 35 ensaios clínicos randomizados independentes, a atividade física regular resultou em níveis elevados de imunoglobulina IgA, anticorpo que reveste a membrana mucosa dos nossos pulmões e outras partes do nosso corpo onde os vírus e bactérias podem entrar;
  • A atividade física regular também aumenta o número de células T CD4, responsáveis por alertar o sistema imunológico de um ataque, bem como regular a sua resposta;
  • Nos ensaios clínicos randomizados, as vacinas parecem mais eficazes se forem administradas após um plano de atividade física. Uma pessoa que é fisicamente ativa tem 50% maior probabilidade de ter uma contagem de anticorpos mais alta após a vacina.
  • Neste estudo foram compilados dados de mais de 500.000 indivíduos.

 

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Exercício físico e sistema imunitário

Para que os benefícios da atividade física sejam conferidos, é necessário ter consistência na sua prática. Exercício físico regular significa praticar:

  • De três a cinco vezes na semana;
  • De 30 a 90 minutos por dia, alcançando um mínimo de 150 minutos semanais, mas de preferência 300 minutos semanais;
  • Durante pelo menos quatro semanas para que os efeitos dessa atividade comecem a ser percebidos.

Devemos lembrar que indiretamente o exercício físico também pode ajudar no combate às infeções, uma vez que exerce efeito anti-inflamatório e também pelo facto de reduzir a ocorrência de doenças como obesidade e diabetes. Estas condições são já conhecidas por estarem  associadas a processos infeciosos e também são relacionadas com prognósticos de maior gravidade uma vez que a infeção tenha sido adquirida.

A atividade física, assim como um medicamento, tem a dose recomendada e tem que ser dada na sua “faixa terapêutica”. Por exemplo, um fármaco dado numa dose abaixo ou acima da recomendada não irá funcionar e poderá até ser prejudicial. Com a atividade física também é assim.

Estudos observacionais apontam para uma espécie de curva em U relacionando o nível de atividade física e infeção; ou seja, pessoas que fazem pouca atividade física, como as pessoas sedentárias, têm o maior risco de infeção, bem como pessoas que fazem atividade física em excesso podem ter maior risco de infeção. Dito isto, é importante adotar o volume de treino adequado. Atualmente, preconiza-se 300 minutos semanais, dos quais, pelo menos, 150 minutos de atividade em intensidade moderada e, destes 150 minutos restantes, pelo menos, 75 minutos de atividade física de alta intensidade.

Em função destes resultados, chega-se à conclusão de que os extremos são prejudiciais. Nesse sentido,  a palavra de ordem é equilíbrio. Programas de exercício de intensidade moderada perfazendo um total de 150 minutos por semana podem ajudar a fortalecer o sistema imunológico, auxiliando na prevenção de doenças infeciosas. 

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 Exercício físico e a eficácia das vacinas

De acordo com ensaios clínicos randomizados, as vacinas parecem mais eficazes se forem administradas após um plano de atividade física. Isto é, uma pessoa que é ativa fisicamente tem 50% mais probabilidade de ter uma contagem de anticorpos mais alta após a vacina do que aquelas que não praticam exercícios físicos regularmente. Mas, afinal, qual a relação entre eficácia vacinal e atividade física?

Sabe-se, conforme já observado em outros estudos em relação a campanhas de vacinação contra a gripe,  que pessoas fisicamente ativas vacinadas tiveram uma melhor resposta sorológica vacinal, ou seja, uma produção de anticorpos mais eficaz após a aplicação de determinada vacina.

  • Embora não se saiba exatamente o mecanismo, é possível que a atividade física melhore outras condições metabólicas, como obesidade e diabetes, condições estas que diminuem a resposta vacinal. Então, o exercício físico pode ser uma estratégia importante pra diminuir, por exemplo, a obesidade e isso possa ajudar também na produção do anticorpos. Sugere-se então que se pratique pelo menos 150 minutos de atividade física semanal durante três a quatro meses antes da vacinação.
  • O exercício físico também minimiza o risco de doenças endócrinas, que diminuem a resposta vacinal. Isso porque diversas condições endócrinas, como obesidade e diabetes, podem ser consideradas como estados de imunossupressão. Ou seja, situações nas quais o nosso sistema de defesa não funciona tão bem quando deveria.
  • No caso do diabetes, isso é mais evidente quando a doença está mal controlada. Ou seja, quanto mais elevada a taxa de glicose no sangue, maior o risco de uma série de infeções. Por exemplo: a tuberculose é mais comum em pessoas com diabetes; infeções fúngicas genitais podem ser a primeira manifestação clínica do diabetes; e, claro, como tomou notoriedade recentemente, ter diabetes ou obesidade aumenta o risco de formas graves de Covid-19. Sendo assim, o exercício físico regular, ao longo da vida da pessoa funciona como uma ferramenta de prevenção contra o desenvolvimento das referidas condições.
  • Alguns estudos apontam que doenças endocrinometabólicas, em especial a obesidade e a resistência insulínica, podem desempenhar um impacto negativo sobre a imunidade e, por conseguinte, um maior risco de infeção. Afinal, nessas situações, provavelmente a inflamação crónica sistémica causada por essas doenças pode desviar a atenção do nosso sistema imunitário de modo que, quando ele é solicitado, parte desse sistema imunitário já está envolvido em outros processos relacionados com a referida inflamação. Assim, a atividade física, melhorando condições como a obesidade e a resistência insulínica, pode levar à melhoria da inflamação sistémica e, assim, com uma menor inflamação sistémica, o organismo pode ter uma resposta imunitária mais eficaz.

Implicações do estudo na pandemia

Este novo estudo pode ter um impacto significativo, principalmente na pandemia que vivemos. Afinal, já foi comprovado que manter-se ativo fisicamente reduz o risco de manifestação de formas mais graves da Covid-19 e reduz mesmo a probabilidade de óbito pela doença. Dessa forma, a atividade física deverá ser considerada como um dos principais meios de prevenção, em conjunto com a vacina, o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene das mãos.

Numa altura em que cada vez mais portugueses têm acesso à vacinação contra a Covid-19, que tal reforçar o impacto imunitário da mesma iniciando ou retomando a sua rotina de treino? Saiba como podemos ajudar clicando aqui ou contactando-nos através do nº 258 847 555 (Viana do Castelo) ou nº 258 938 554 (Ponte de Lima)

 

Referências: Chastin, S.F.M., Abaraogu, U., Bourgois, J.G. et al. Effects of Regular Physical Activity on the Immune System, Vaccination and Risk of Community-Acquired Infectious Disease in the General Population: Systematic Review and Meta-Analysis. Sports Med (2021).

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